“Querer não é poder”.
Sempre ouvi essa
frase quando era criança. Hoje, alguns anos mais tarde, ela faz sentido para
mim. Talvez seja essa a maior tristeza em tornar-se adulto: entender que poder
e querer são coisas tão distintas que quase se tornam idênticas.
Aplicando esses dizeres sábios na idade adulta, percebo que
o poder é poderoso, com todos os pleonasmos que a licença poética me permite
usar. O poder traz dinheiro, traz fama, intensifica a vida social... até beleza
física o poder garante.
Em meio a uma multidão, o poderoso se sente único. Sozinho,
uma multidão. Mas o que muitos não sabem e nem sequer imaginam é que o
verdadeiro poder que o poder tem é de destruir humanidades.
O poder destrói a capacidade de olhar para os lados: olhar
para o lado e para o outro é ser humano.
O poder destrói a vontade de fazer o bem: fazer o bem é ser
humano.
O poder destrói aquela sensação boa que só a humildade traz:
sentir-se bem em ser humilde é ser humano.
Tudo isso se esvai com o poder.
Talvez mais poderosa que a capacidade de transformação que o
poder traz é a saga para alcançá-lo. Para chegar ao estágio de ser poderoso, o
não-poderoso utiliza os mais variados métodos. É nesse estágio que o resquício
de humanidade começa a chegar ao fim.
Entre querer e poder, portanto, fico com o primeiro. Quem
quer, trabalha. Quem trabalha não tem tempo para pensar no poder que
possui.
Quem quer é humano.
Se me disserem que estou errada, que essa fome por poder é
intrínseca ao ser humano e que não compartilhar dela é que é a exceção, abdico
do meu diploma de humana e me auto classifico como um E.T. Um E.T que quer, excessivamente, já que o
único poder do qual preciso é o poder de querer.
Assim, faço uso das palavras de outro ET querente que passou
pela terra tempos atrás: “Vamos celebrar a estupidez humana, a estupidez de
todas as nações” e convido aos Et’s
perdidos pelo mundo:
CELEBREMOS!
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