sábado, 8 de outubro de 2011

O poder do poder




“Querer não é poder”.
 Sempre ouvi essa frase quando era criança. Hoje, alguns anos mais tarde, ela faz sentido para mim. Talvez seja essa a maior tristeza em tornar-se adulto: entender que poder e querer são coisas tão distintas que quase se tornam idênticas.

Aplicando esses dizeres sábios na idade adulta, percebo que o poder é poderoso, com todos os pleonasmos que a licença poética me permite usar. O poder traz dinheiro, traz fama, intensifica a vida social... até beleza física o poder garante.

Em meio a uma multidão, o poderoso se sente único. Sozinho, uma multidão. Mas o que muitos não sabem e nem sequer imaginam é que o verdadeiro poder que o poder tem é de destruir humanidades.

O poder destrói a capacidade de olhar para os lados: olhar para o lado e para o outro é ser humano.
O poder destrói a vontade de fazer o bem: fazer o bem é ser humano.
O poder destrói aquela sensação boa que só a humildade traz: sentir-se bem em ser humilde é ser humano.
Tudo isso se esvai com o poder.

Talvez mais poderosa que a capacidade de transformação que o poder traz é a saga para alcançá-lo. Para chegar ao estágio de ser poderoso, o não-poderoso utiliza os mais variados métodos. É nesse estágio que o resquício de humanidade começa a chegar ao fim.

Entre querer e poder, portanto, fico com o primeiro. Quem quer, trabalha. Quem trabalha não tem tempo para pensar no poder que possui. 
Quem quer é humano.

Se me disserem que estou errada, que essa fome por poder é intrínseca ao ser humano e que não compartilhar dela é que é a exceção, abdico do meu diploma de humana e me auto classifico como um E.T.  Um E.T que quer, excessivamente, já que o único poder do qual preciso é o poder de querer.

Assim, faço uso das palavras de outro ET querente que passou pela terra tempos atrás: “Vamos celebrar a estupidez humana, a estupidez de todas as nações”  e convido aos Et’s perdidos pelo mundo:

CELEBREMOS!




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