As
pessoas que nos apontam os dedos são as mesmas que, quando entramos na
Universidade, nos presenteiam com um discurso saudoso do próprio tempo de
loucura e de excessos perdoáveis, mas que, de repente, vestiram a máscara do
bom-mocismo e passaram a condenar todo e qualquer tipo de ‘auê’.
Não
menos controversos, os que se indignam por terem sido enquadrados como estudantes
que abusam do álcool são os mesmos que, há pouco tempo, comemoraram uma
pesquisa segundo a qual fazem parte da Universidade onde mais se aprende a
beber. Por que essa cara de espanto? Comemoraram, compartilharam, ufanizaram,
sim, senhores. Não adianta negar.
A
Universidade, tal como ela é, não é vista pela TV. Quando raro, aparece em um
jornal ou em uma página do facebook. A Universidade, tal como ela é, está
presente na vida dos jovens que fizeram uma escolha e tiveram sorte. Melhor
época da vida – há boatos –, lugar onde somos apresentados à gente mesma,
momento em que descobrimos o mundo e o olhar sobre esse universo maluco,
estranho e assustador: são diversas as definições...
Vamos
nos indignar por termos sido caracterizados como irresponsáveis? Vamos. Mas que
tal nos sentirmos incomodados também pela apropriação cruel da vida das
mulheres que foram tão ou mais personagens de uma “reportagem” que nós?
Vamos
ficar roxos de raiva por nossos pais estarem aterrorizados por verem na TV um
espaço universitário que não traduz o nosso? Vamos. Mas e se pensássemos nos
pais dos jovens que interromperam, no meio do caminho, a trajetória que escolheram,
por sermos condizentes e, por vezes, nos vangloriarmos dos nossos excessos?
Tudo
é muito além e qualquer simplismo é um vício. O que está (ou não está) em pauta
são vidas de pessoas, indignações tardias – ainda que válidas – controvérsias sérias e um mau uso do que
chamam de jornalismo.
De
tudo, o que fica é uma vontade de fazer diferente, pra não ser igual.
A
minha profissão é repórter. A deles, já não sei.