Antônio
Camino sempre foi um homem de negócios. Passou grande parte da infância e da
juventude vendendo e comprando objetos. Era especialista em trapaças. Antônio
Camino é o mais esperto da família. Orgulho do pai, preocupação constante da
mãe.
Aos
34 anos, Antônio decidiu que queria ser prefeito da sua cidade. Para não ser prejudicado
por sua má fama de trapaceiro, Antônio resolveu criar um novo tipo de campanha:
a campanha do sem-nome.
Contratou o melhor assessor de imprensa da
região e, juntos, fizeram o discurso genial que seria a base de toda sua
trajetória política: com uma máscara no rosto, Antônio subiria aos palanques
para dizer que o seu objetivo principal era fazer o bem para o povo e que, por
isso, preferia ter sua identidade verdadeira preservada.
Um ato de um altruísmo
tão bonito, tão parecido com os heróis dos filmes de faroeste ou dos
personagens que, com uma única letra, são conhecidos por fazerem o bem e lutarem
por justiça. Perfeito! Antônio – agora, o Sem-nome – não tardou a conquistar
toda a população.
No
dia 31 de outubro, centenas de pessoas saíram de suas casas para votar em
Sem-nome. Na urna, nenhum retrato de quem acabou se tornando o prefeito mais
votado da cidade. Sem-nome continuou fazendo suas trapaças, desviou verbas,
diminuiu salários... Mas aquele seu discurso tão bonito e o orgulho de ter um
prefeito mascarado faziam as pessoas o admirarem, mesmo que a cidade não estivesse
tão boa assim.
Antônio,
o Sem-nome, sentia-se genial. Como ninguém nunca havia pensado nisso? Afinal,
não precisar mostrar o rosto, não ter um nome, não explicitar uma identidade
são decisões perfeitas! É menos perigoso... ele não corria o risco de ser
criticado (poderiam criticar o Sem-nome, não ele, de fato), poderia falar e
fazer o que quisesse sem assumir nenhuma responsabilidade.
Um ato mais covarde do que nobre, concordava. E valia tanto a pena esconder seus maus feitos! Sua decisão, portanto, era, no mínimo, inteligentíssima.
Um ato mais covarde do que nobre, concordava. E valia tanto a pena esconder seus maus feitos! Sua decisão, portanto, era, no mínimo, inteligentíssima.
Passados
os quatro anos, Sem-nome decidiu que queria se re-eleger. Mas o povo já não
estava tão contente assim... além disso, estavam todos curiosíssimos para
conhecer o rosto do prefeito mascarado. Pronto! O povo só votaria em Sem-nome
se ele mostrasse seu rosto, se dissesse seu nome.
Sem-nome
ficou desesperado! Ninguém votaria nele se soubesse quem ele escondia por trás
da máscara. Sem-nome e seu assessor passaram dias a fio tentando encontrar uma
solução. O jeito foi criar um meio de fazer a campanha sem estar presente, sem
mostrar rosto ou máscara. Sem nem precisar chegar perto do povo – ufa!
Após dias, encontraram a saída perfeita. Sem-nome faria uma
campanha virtual, um mandato virtual, seria uma pessoa virtual.
E,
assim surgiram a sociedade dos sem-nome, a internet e a sua possibilidade de
não precisar olhar nos olhos.
Exatamente isso!
ResponderExcluirNossa!Que inteligente!hahah
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