Escrever é uma forma de colocar “no
papel” todas as indignações que deixam a bochecha vermelha, de tanta raiva que
a gente sente. Por isso, comecei e apaguei este texto diversas vezes.
Pensei em escrever sobre a
enfermeira que matou o cachorrinho. Ou sobre o vizinho que filmou, passivo, o
assassinato.
Poderia comparar a morte do
bichinho com as mortes-nossas-de-todo-dia que assolam tantas pessoas pelo país
e que poderiam ser evitadas.
Poderia criticar os indignados
que xingam-muito-no-twitter e só.
Também achei merecido destinar
toda a minha raiva às pessoas que criticam os indignados que
xingam-muito-no-twitter ao invés de se indignarem também.
Aí, me lembrei do motivo da
indignação e senti a bochecha vermelhando outra vez. Matar um bichinho assim, à
toa? Filmar uma coisa cruel dessas e não fazer nada? Xingar nas mídias sociais,
desligar o computador e tomar uma cerveja? Chorar horrores ao assistir a um vídeo
e ler as notícias tristes no jornal todos os dias e só se preocupar com o mau
agouro que o horóscopo, da página de cultura, trouxe?
Não gosto de falar repetições. A
briga só é minha enquanto não se tornou uma briga vista, reconhecida em cartório e abençoada por Deus. A minha
briga, enquanto minha, individual, de direito, é para que as brigas se tornem
brigas. Por isso, o texto sobre esse assunto termina antes de começar.
Afinal, já sei que existem
milhares de pares de bochechas se avermelhando por aí, como as minhas.
O que falta, agora, é indignAÇÃO. (Preciso destacar ainda mais a AÇÃO?)
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