“Francisco Ferreira de Souza, o Xico, com x.
Na
certidão amassada, embrulhada na bolsinha vermelha de propaganda eleitoral,
marcam-se 12 anos de idade. Xico é mineiro, nascido em São João das Missões.
Começou
a trabalhar aos quatro anos, capinando pastagens, como o pai. É o mais velho
dos oito irmãos.
Cabelo preto, liso, olhos puxados, magrelo. Xico, meio índio, nunca foi à escola. Mas disseram que a merenda é boa, tem até macarrão!
Cabelo preto, liso, olhos puxados, magrelo. Xico, meio índio, nunca foi à escola. Mas disseram que a merenda é boa, tem até macarrão!
Mas
Xico não tem tempo de andar os treze quilômetros para chegar até a escola.
Carrega todo o peso de se ter doze anos em São João das Missões.
Pereta,
o cachorro. Quatro anos de simpatia.
Magrelo, como o dono.
Xico
e Pereta são dois brasileiros. Tiveram o azar de nascer na cidade mais pobre de
Minas Gerais. Tiveram o azar de nascer num país tão rico quanto desigual.
Tiveram o azar de nascer numa época em que a miséria está fora de pauta.
Nasceram.
Xico
e Pereta nem desconfiam que são problemas sociais, que são temas dos artigos
científicos de universitários empenhados, que viram música do prêmio do ano do
Faustão, que estão no discurso, tão bonito, dos candidatos.
Xico
não sabe que existem enlatados, não está preocupado com as mídias sociais ou
com a organização da copa do mundo no Brasil. A expectativa de vida de Xico é
de 27 anos. E ele está, como todos, no século XXI.
A
casa de Xico não tem luz, esse ano, de novo, não terá pisca-pisca na árvore de
Natal.”
A
história de Xico, com todas as suas 'magrelezas', barrigas vazias e árvores de
Natal sem pisca-pisca, é tão clichê. Piegas. Lugar-comum. Ai, que incômodo que
é ler histórias clichês! Será que não dá pra mudar o disco? Vamos falar da
RAIVA de ficar mais de meia hora na fila do Banco do Brasil, vamos falar
daquele corte de cabelo R-Í-D-I-C-U-L-O da atriz da novela das nove, vamos
reclamar que o I-mac está caríssimo? Que tal perder horas a fio discutindo a
opção sexual dos outros?
Vamos
ler Karl Marx, fumar um charuto e nos sentir socialistas? Vamos deixar crescer
a barba, xingar o capitalismo e tomar um wisky? Assim, dormiremos embriagados
de cultura. Vamos?
A
história de Xico, com x, é clichê.
Vamos,
então, esperar que morram (não de raiva, de fome antes do almoço, de tédio, de
cansaço de final de expediente ou período da universidade) todos os milhares de
brasileiros pés descalços? Assim, quando só restar um ou dois, poderemos
declarar extinta a miséria! E surgirão ONG’s para garantir a preservação dessa
espécie raríssima.
Brasil,
vamos proteger os pobres, antes que eles entrem em extinção?
Assim como tudo aqui nesse país, essa questão homofobia virou modismo, onde em vez de se fazer um levantamento responsável a respeito da problemática instalada, procuram fazer disso uma piada, na qual não se procura verificar em visões futuras o que essas ações implicadas resultarão para sociedade e nas particularidades sombreadas, como um todo. Porque, cada posicionamento que tomamos sem o devido estudo futuro, costumamos nos arrepender!
ResponderExcluirCara, simplesmente virou modinha falar que tudo é homofóbico. Assim também, como nas escolas, tudo é bullying...
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