sexta-feira, 2 de março de 2012

Juventude óbvia: o que você vê?


Vivemos em um cenário onde a informação está cada vez mais acessível, rápida e necessária. Aos jovens, coube entender e participar desse contexto constantemente inconstante, onde quase nada é invariável, onde nada está absolutamente pronto. Como cobaia involuntária desse processo, a juventude vive as maravilhas e os horrores de todas as modificações contemporâneas. E decepciona.  

Enquanto as possibilidades de encontrar boas informações crescem a cada dia, a curiosidade dos jovens parece diminuir com a mesma intensidade. Não é preciso uma atenção fora do comum para chegar a essa conclusão: nas mídias sociais, onde as pessoas depositam suas impressões e comentam sobre o que mais lhes chama a atenção, os comentários são quase sempre os mesmos, os assuntos, invariáveis. Os livros lidos raramente diferem das listas de best-sellers. As ideologias, até quando diferentes, obedecem a um padrão. Paradoxalmente, em uma época em que a busca por um diferencial é marcante, os jovens parecem se ater aos mesmos fatos, parecem se contentar com o óbvio.

Não se trata, aqui, de um saudoso sentimento em relação às outras juventudes, de uma cobrança por uma revolta que pode não condizer com o atual momento histórico em que vivemos. Não adianta esperar, hoje, o mesmo comportamento dos jovens de 1968, por exemplo. No entanto, pode-se (e deve-se) esperar e cobrar de quem está em formação, uma vontade de aprender, uma curiosidade diante do mundo, uma inquietação saudável, um otimismo inteligente.

Se o assunto principal das rodas de conversas é, pra todo-sempre-amém, a novela das nove, o seriado da tarde ou o reality show do momento, quem acreditará que esses jovens se preocupam com o país que os será de direito?

Se o entretenimento, em constantes vitórias esmagadoras por atenção, se sobrepõe às demais questões desta vida, acreditaremos que nem tudo acaba em diversão?

Tão certa quanto o recorrente argumento usado por jovens apáticos de mundo, ao defenderem, religiosamente, que nem tudo deve ser relevante e que nem toda ação é engajada, está a conclusão óbvia: quem tem seriedade, é levado a sério. E assim se constrói um país.

Como diz o ditado, toda regra tem exceções. Então, que as exceções, nesse caso, se tornem regras e que a visão dos jovens seja tão grande quanto a disposição em aumentá-la a cada dia.




   

Um comentário:

  1. Às vezes eu penso que essa visível falta de interesse e engajamento nas diversas problemáticas atuais, é nada mais nada menos que um egocentrismo exagerado, que aprendemos a exercer desde que nascemos. O que importa é o que EU gosto, EU quero, EU tenho, EU sei, e não o que o outro quer ou o que a sociedade precisa.

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