Para adotar uma atividade como
sua, qualquer que seja ela, é preciso, acima de tudo, se satisfazer ao
desempenhá-la. É necessário conhecê-la, admirá-la, entender o máximo do que a
compõe. O jornalismo é uma profissão feita, em grande parte, por exceções, mas,
nesse caso específico, se faz regra. Ao jornalista (com J maiúsculo como brinca
o ditado), cabe entender de jornalismo, cabe exercê-lo com um amor quase
fraterno, cabe saber criticá-lo quando necessário, cabe ser jornalista 24h por dia,
como um complexo casamento.
No entanto, não é preciso já estar
formado para perceber o quanto os jornalistas criticam o jornalismo. Não são poucas
as vezes que se pode ouvir que os jornalistas (assim mesmo, numa generalização
perigosa) agem de acordo com interesses que vão além da vontade de informar.
Também não é raro ouvir que a mídia mente, manipula, distorce a realidade ou
que, em cada reportagem, há algo escondido, entre o lead e o topo da pirâmide.
Negar veementemente todas essas
acusações é viver em um mundo cor de rosa, excessivamente otimista e muito pouco
bem informado. No entanto, repetir de forma recorrente toda essa pouca fé no
jornalismo não deixa de ser uma forma de desconhecer, de ignorar. Ou, mais
triste ainda, uma incapacidade de perceber o que é bem feito.
Aceitar e, mais que isso,
concordar com essa crítica cega ao jornalismo feita por quem não é jornalista
já é, no mínimo, condenável. Mas assistir aos jornalistas e estudantes de
jornalismo criticarem a profissão como se ela estivesse perdida é impensável. O
bom jornalismo não é exceção. Quem acha que é provavelmente não é jornalista ou
estudante de jornalismo (ou não deveria ser).
Se todas – repito: todas – as
informações que nos chegam aos ouvidos fossem falsas ou alteradas pelo
interesse de alguém, saberíamos pouco ou quase nada da realidade na qual
estamos inseridos. Se o jornalismo fosse mais condenável que louvável, haveria
tantos jovens com o sonho de se tornarem jornalistas?
Em tempos de censura à mídia, não
foram poucos os jornalistas que arriscaram a própria vida para levar informação
correta às pessoas. Hoje, época em que a liberdade jornalística, ainda que
limitada, é significativamente maior, os jornalistas, em maioria, optariam
pelas inverdades e meias verdades?
Achar que tudo está perdido e mal
feito é um comodismo preguiçoso. Esticar as mangas e trabalhar de forma séria,
ao invés de passar o tempo lamentando pelo que há de errado, é que é o desafio.
Parafraseando o ditado: não
adianta chorar pelo jornalismo derramado.
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