Mala de mão. Mala gigante.
Mochilão de viagem. De couro. De plástico. Vermelha. Com listras e com
bolinhas. Há diversos tipos de malas, cada um pensado para servir a uma
necessidade diferente: uma média para quem vai passar duas semanas na praia; uma grande para o universitário que leva as roupas sujas pra lavar em casa,
como bem diz o ditado; uma mala enfeitada para os distraídos de plantão não
perderem seus pertences na hora do desembarque; uma mala gigante para aquele
que decidiu mudar de casa. Uma mala.
Talvez um dos grandes dramas
modernos – e que já possui milhões de adeptos – seja a agonia do fazer e
desfazer malas. Escolher cada peça que terá o privilégio de sair do armário e
conhecer outros cantos exige concentração. No entanto, essa agonia existe por
algo um pouco mais essencial: as malas não carregam só roupas, sapatos,
presentes. As malas carregam expectativas e, por isso, os tipos de malas dizem
muito sobre quem as carrega.
A segunda mala tampouco era
minha, assim de papel passado. Era uma mala de couro, meio brega, que o meu pai ganhou de presente de aniversário. A ocasião: um
congresso de jornalismo e a primeira viagem a outro estado, sem nenhum
acompanhante. A mala ainda não era minha, não tinha identidade, mas já era uma
mala e não uma mochila. Tudo mais sério. Esses tais primeiros passos.
A última mala foi comprada sem
ajuda de ninguém. E não é bem uma mala, mas, sim, um mochilão daqueles enormes
pra quem carrega uma vida na mochila e resolve sair por aí conhecendo sorrisos.
Depois de tantas escolhas, está eleita: essa é minha mala. Informal,
conservadora na sua rebeldia, alegre, com o medo escondido num bolso e a
coragem tomando todo o espaço restante. Colômbia, Uruguai, Cuba... América
Latina inteira. O roteiro já está definido, a mala – e a personalidade – seguem
em construção.
Afinal, qual é a mala que te
define?
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