Quando o assunto é política, há o senso (não consenso) de que tomar partido, escolher um nome e defendê-lo é se vender, é ser menos digno de se olhar no espelho, é abrir mão de questionar e pensar de forma crítica.
Engano. Qualquer escolha – quando pensada – é fruto de análise, de reflexão. Escolher um nome, pregar um adesivo na mochila e colocar-se a serviço de uma causa é muito mais corajoso que o comodismo ignorante e pessimista do eterno em cima do muro, da rebeldia pouco inteligente de negar tudo quanto há – de bom e de ruim.
Escolher é se mostrar, é dar a cara a tapa, é defender uma utopia (ou uma vontade, que seja). Há, de fato, os que escolhem por interesses mesquinhos, individuais, hipócritas. Mas há, sobretudo, os que escolhem porque acreditam, porque esperam, porque querem fazer parte da construção de uma história melhor. Há os que escolhem porque sonham.
Ingênuos?
Inocentes ou não, são eles – nós – que saímos de casa, que mudamos o dia, que temos a coragem necessária de levantar da cama e trabalhar por uma causa.
A ingenuidade está em quem acredita que se abster não é tomar partido e que toda ousadia depende do outro, alheio a cada um de nós.