Exatos dois anos atrás. O título de eleitor contava os dados:
20 anos, duas décadas de vida. O brasileiro, no olhar, informava, explícito:
oito anos – imaturos e distantes – de passarinhos no governo do retrocesso prático
intelectualizado e de sapatos limpos. Pela primeira vez, exercia o direito de
voto para presidente: perigoso, sério, necessário. Apertar o botão e ouvir o “trim”
que ajudasse a en-direitar o Brasil era impensável, inviável, justamente
negável.
O que eu queria? Queria, sim, que continuassem as bolsas
assistencialistas, que todas as medidas econômicas, de investimento no meu
próprio país, seguissem sóbrias, queria o de todo sempre-amém: impostos bem
gastos, escândalos – já que historicamente resistentes – investigados, educação
– sim, ela – emprego e o mínimo que se pensa quando se imagina uma nação (com
todo o significado simbólico que o termo traz de brinde). Mas, mais que isso,
embalada, ainda, pela imaturidade que a idade trazia em si, quis acreditar em
líderes, me ver representada, não sentir ódio (não consigo pensar numa palavra
mais branda) ao assistir, pela TV, a uma declaração presidencial – qualquer que
fosse o motivo. Queria, sobretudo, acreditar. E acreditei.
O rosto não era barbudo, como de praxe, o discurso, um tanto
quanto teatral – pelo que percebeu a minha percepção leiga – uma história
complexa, mas forte. Escolhi. Levantei uma bandeira. Colei adesivo na parede do
meu quarto. Assisti aos debates. Votei. Não uma, mas quantas vezes fossem
necessárias.
Exatos dois anos depois. O título de eleitor conta os dados:
22 anos, dois deles em uma Universidade Federal tentando aprender a ser
crítica, estudando grandes e corajosos nomes, buscando, nos quadrinhos, uma
representação de um Brasil dos miúdos, feito pelos grandes. Situação? Greve.
Não, não ajudei a endireitar o Brasil (agora sem o hífen, percebem?).
Mas, de repente, o número 13 voltou a dar azar e parece que
todo dia, no Brasil grevista, é uma sexta-feira.