Cigarros.
Álcool. Remédios. Seriados. Coca-cola. Chocolate. Drogas. Redes Sociais.
Há tantos vícios quanto se possa pensar.
Aparecem na mídia, assombram as mentes inquietas das mães, apavoram jovens,
distraem o pensamento de quem teima em não perder o foco. No entanto, entre
todos os vícios - sérios ou não, existe um que nem todos conhecem, ou que não
fazem ideia de que é, sim, um vício: reclamar.
Começa-se reclamando de um problema enorme e, de repente, qualquer
pedra no sapato é motivo para cortar os pulsos verbalmente. Um almoço ruim, uma
hora extra no trabalho, uma calça que não serve mais, um fora bem dado e mal
recebido, uma fila maior que o comum, a internet lenta: tudo é desculpa para
queixar-se da sorte. Pronto! Está ativo o viciado reclamão.
Se o
relógio não desperta na hora certa, que azar! Se desperta, como é triste ter
que acordar cedo!
Se
há muito trabalho, que sorte errada não ter tempo para o descanso. Se o
trabalho é pouco, por que não surgem mais oportunidades?
Se o
telefone toca, por que é que não o deixam em paz? Se não toca, a solidão é o
que veio de brinde.
O
vício de reclamar é cumulativo. Quanto mais se reclama, mais motivos aparecem
para reclamar. Torna-se cego a qualquer espécie de otimismo, perde-se a graça
em achar graça no que deu errado. É impossível perceber o que os dias trazem de
bom.
Assim
como o fumante, existe também o reclamão passivo: mãe, pai, melhor amigo,
status de facebook, tweet pessimista. Como um vírus, o vício de reclamar
espalha-se rapidamente. De repente, quem estava rindo por ter perdido o ônibus
em plena segunda-feira de manhã (sim, existem essas pessoas), passa a culpar o
destino, a lei de Murphy, os céus.
Olá.
Meu nome é fulano, estou há três semanas sem reclamar...
Que
comecem as campanhas com imagens tristes atrás dos potinhos onde vendem
pessimismo, já!